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Bebês reborn e o vazio existencial

Quando cuidar do outro silencia quem você é


Mãe beijando bebê dormindo
Ser mãe é sem dúvida o papel que mais abala o emocional de uma mulher

A maternidade, desde muito cedo, é apresentada como o ápice da realização feminina. Frases como “você vai entender quando for mãe” ou “a mulher só se completa com um filho” são passadas de geração em geração, como se ser mãe fosse o único destino possível, ou mesmo o único caminho legítimo para o amor e a realização pessoal.


Porém, o que acontece quando essa mulher dedica a vida inteira a esse papel, e depois se vê sozinha? Ou quando os filhos crescem e deixam o ninho? Ou quando essa maternidade sequer se concretiza, seja por impossibilidades físicas, emocionais ou escolhas de vida?


É nesse vazio existencial que muitas mulheres se descobrem emocionalmente exaustas, invisíveis para si mesmas e, em alguns casos, até com dificuldade de saber quem são fora do papel de cuidadora. E é aí que entra um fenômeno curioso e, muitas vezes, incompreendido: o uso dos bebês reborn como ferramenta emocional.


O que são os bebês reborn?


Os bebês reborn são bonecos hiper-realistas, criados para se parecerem com bebês reais em detalhes minuciosos: pele, peso, cheiro, traços faciais, e até batimentos cardíacos simulados. Inicialmente criados para fins artísticos e de colecionismo, os reborn vêm ganhando espaço como instrumento terapêutico para muitas mulheres.


Eles não são simples brinquedos, mas sim representações simbólicas de vínculos afetivos. Servem como ponto de conexão com sentimentos profundos, memórias não resolvidas ou relações interrompidas.


O papel psicológico do reborn


Especialistas em psicologia do comportamento, saúde mental e psicoterapia têm analisado o uso de bebês reborn como uma ferramenta de regulação emocional. Mulheres que passaram por perdas gestacionais, filhos que cresceram e se afastaram, ausência de maternidade ou mesmo abandono afetivo na infância, muitas vezes encontram nesses bonecos uma forma de canalizar o cuidado reprimido ou reviver experiências emocionais não elaboradas.


Não é exagero dizer que, para muitas, o bebê reborn é um substituto para algo que ficou em aberto. E isso não significa desequilíbrio emocional, como muitos preconceituosamente sugerem. Significa uma tentativa legítima de acolher a si mesma.

A psiquê humana se apoia em símbolos para lidar com dores profundas. Assim como diários, objetos afetivos e até animais de estimação ajudam na superação de traumas, os bebês reborn podem oferecer acolhimento simbólico e reconexão afetiva.


A mulher que esqueceu de ser mulher


O reborn também expõe um tema sensível: o número de mulheres que passaram a vida inteira cuidando dos outros, e nunca aprenderam a cuidar de si mesmas e o grande vazio existencial. Foram mães, esposas, filhas cuidadoras, profissionais exemplares, mas se anularam como mulheres. Não sabem mais o que gostam, do que sentem falta, o que desejam além do cuidado com o outro.


Elas vivem no modo automático da doação, e quando esse ciclo se rompe, o que sobra é o vazio. E o vazio, quando não reconhecido, pode adoecer: surgem crises de ansiedade, sensação de inutilidade, depressão silenciosa e uma enorme perda de autoestima.


Uma chamada à consciência, não ao julgamento


É comum que pessoas julguem com ironia ou espanto quem cuida de um bebê reborn como se fosse real, porém essas mulheres não estão brincando. Elas estão buscando sentido e tentando se reorganizar internamente. Estão buscando também resgatar um vínculo emocional que talvez ninguém ao redor esteja oferecendo.


Em muitos casos, o bebê reborn é um símbolo daquilo que a mulher não recebeu na infância, ou de um cuidado que ela sempre ofereceu aos outros, mas nunca se permitiu receber.

A mulher precisa existir além do cuidado e o convite que esse tema nos faz é profundo: Será que você, mulher, tem se permitido existir além do papel de cuidadora? Será que sua identidade está amarrada apenas a servir, acolher e resolver a vida dos outros?


Cuidar é lindo, mas cuidar só dos outros é autodestrutivo. Você pode, sim, ser mãe, esposa, profissional. Mas precisa urgentemente ser você e colocar limites e espaço para si colocar no centro da sua própria vida.


Bebê reborn é um símbolo, mas o cuidado real começa em você. O reborn pode ser um apoio, mas não substitui o olhar terapêutico, o acompanhamento emocional, o autoconhecimento. É preciso caminhar além do símbolo. Você pode começar olhando para dentro de si e perguntar: o que me falta que eu venho tentando preencher só com o cuidado aos outros? Onde está a mulher por trás da mãe?


Se esse texto explicando o uso dos bebês reborn e o vazio existencial tocou você de alguma forma, não ignore esse chamado, caminhe comigo nessa jornada de autoconfiança e reencontro. Te convido a me seguir no Instagram e acompanhar conteúdos que podem te ajudar a reconstruir sua identidade, elevar sua autoestima e criar uma nova fase da sua vida.





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